Quando me aventurei a estudar pessoas que demonstram diferencial em uma ou várias áreas do conhecimento humano, as características que mais me chamaram a atenção, logo de começo, foram a concentração que empregam em seus estudos e experimentações, a dedicação empregada, o compromisso com o que estão fazendo, a persistência em atingir seus objetivos (apesar das adversidades) e a continuidade no raciocínio e nas descobertas. Tudo isso parece ser alimentado (e guiado) por uma motivação constante, alimentada, por sua vez, pela ampliação do saber, por novas descobertas.
É notável o foco em algum assunto ou experimento. Há como que uma mobilização de toda (ou pelo menos de grande parte) atenção possível para penetrar as nuances do saber em pauta, destrinchando segredos das leis da natureza ou mesmo criando novas perspectivas de observação dos fenômenos da vida.
Há também - e isso não pode ser descartado - inúmeros fatores estimulando o indivíduo a se dedicar e a continuar em suas atividades, que vão desde objetivos pessoais, até exigências socioculturais para ter acesso a uma maior qualidade de conhecimento. O prazer em descobrir, ter um desempenho significativo na escola, ser aprovado em um curso desejado numa Universidade de qualidade, senti-se projetado pessoal e profissionalmente, etc.
Outros dois fatores não menos importantes que contribuem bastante para o sucesso de pessoas acima da média é o apoio da família e do Estado. Hoje se sabe que a capacidade superior de uma pessoa não pode ser deixada por ela mesma, como se uma criança, por exemplo, avaliada como acima da média tem condições de, sozinha, desenvolver seu potencial com um mínimo de interferência da família e dos profissionais que a cercam. Pelo contrário, a família e a sociedade precisam intervir para orientar e dar condições materiais e psicológicas. A dotação e o talento precisam de apoio, e tal apoio precisa ser firme e fundamentado.
Um exemplo interessante das características inicialmente citadas e de apoio familiar (menos do pai) e da escola é o de Mariana Silva Vilas Boas. Li pela primeira vez sobre esta jovem num artigo da revista Isto É, de 7 de Março de 2012. Marcou-me principalmente a sua persistência nos estudos e realizações, apesar de várias adversidade, estas podendo ser motivo de desistência para aqueles que possuem ânimo frágio.
Primeiramente, as condições financeiras nada favoráveis para ter acesso a uma educação de qualidade. Aproveitou oportunidade de ganho de bolsa para estudar numa escola particular e foi bem-sucedida. Primou por "segurar" o benefício, conseguiu obtendo boas notas. Permitiu-se ampliar seus horizontes e sonhar com uma futura carreira na medicina e com muito "suor" conseguiu. No fim das contas, passou em nove Universidade públicas. Optou cursar medicina na USP.
Sua trajetória denota firmeza de objetivo, uma forte motivação para alcançá-lo, compromisso com o seu sonho e com o conhecimento e continuidade em suas atividades escolares. Logicamente, há todo um apoio necessário de pessoas da família e da própria instituição escolar na qual estudou. Como também a presença de um fator (inclusive exposto no artigo da citada revista) importantíssimo: o da mudança de mentalidade que vem ocorrendo com a juventudo atual: a de que pode almejar uma educação superior, não importando a classe social de origem.
Embora haja ainda sérias lacunas a serem preenchidas pela Educação pública (condições físicas precárias, serviço deficitário de distribuição de internet banda larga, recursos não repassados para investimento nas escolas, baixos salários para os profissionais que trabalham direta ou indiretamente com a educação, distância ainda persistente entre escola-família, etc), está acontecendo uma revolução no pensamento dos estudantes de hoje. Estes estão tendo maior acesso à cultura e suas práticas. Estão adquirindo, com isso, maior poder de raciocínio e melhores condições de auto-valorização. Percebem-se, com isso, mais capazes de fazer projetos a curto, médio e longo prazos. Estão melhorando sua auto-estima.
Claro que, repito, falta muito para melhorar o quadro da educação pública, mas a mudança está acontecendo e as pessoas que demonstram capacidade acima da média em algum domínio (ou alguns domínios) humano tendem a se beneficiar com os avanços (por mais que sejam incipientes) e estão começando a mostrar seu forte potencial de superação, transformação e (auto) motivação.
Parabéns pela iniciativa, mto interessante o post
ResponderExcluir